domingo, 21 de outubro de 2012

(sem) sentido


Está um dia frio, até congela os meus pensamentos, a única maneira de conseguir pensar é o calor. Mas onde está? Não existe calor aqui, é só tempestade, só tragédia que se sente.
 Neste momento o cobertor de lã é que me mantém melhor, o chocolate quente que eu bebo traz sonhos, traz pensamentos. A chuva lá fora é o meu medo, a trovoada o meu pesadelo, porque será que cada gota que cai magóa? Será que eu não aprendo a sofrer de uma vez por todas? Porque cada gota me dá um novo desgosto?
Neste ambiente tentei navegar nos meus pensamentos para verificar se de fato são verdadeiros, satisfatórios e sábios, antes de poder exprimir-los em palavras.
Tentei procurar em mim a razão, mas encontro sempre um vazio  Preciso inserir o que está faltado, mas o que é? Se eu não sei, quem saberá?
O meu destino não foi sorte, ou falta da mesma, foi uma questão de escolha, os objetivos não se esperam, alcançam-se. Mas tenho que me lembrar de que tenho que viver cada momento por si só. Cada passo tem que ser ao seu tempo, não devo viver os meus passos antes mesmo de percorrê-los, senão apenas sonharei e nunca estarei a viver realmente.
Continuo aqui a sofrer no sofá, a chuva não passa. As gotas ainda me magoam, quero ir dormir, mas não tenho forças para me levantar, tudo o que posso fazer é esperar, ter calma, há de terminar, e finalmente poderei descansar.
Porque será que somos assim? Como podemos ser tão maus? O Homem não é bom, não é de boa natureza, se não ensinar-mos a fazer o bem, o homem por si só irá fazer o mal. Nunca damos sem antes nos terem oferecido. E hoje já ninguém oferece nada, tudo tem um custo, sempre tem. Por isso não me peça o que você não me da, eu só posso lhe devolver o que é justo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O caminho da esperança.

Lá ia eu, num dia de inverno, de estação em estação. A minha musica é o som dos carris, que ressoam de velhos, já para não falar do ensurdecedor barulho do “pouca terra, pouca terra”. Antes da ultima paragem, paramos numa estação desolada. Eu olhei pela janela e só via tristeza, só via cinzento e preto, nisto vejo um idoso sozinho, com a sua mala em mau estado por causa da idade, a entrar no comboio, só pensei para mim: “já não vou estar só nesta viagem”. O senhor sentou-se a minha frente, e olhou para mim de uma forma estranha, ao inicio assustei-me porque ele pareceu admirado, mas depois acalmei porque sorriu para mim, esboçou uma cara que me deixou confortável. E eu para não parecer mal, fiz o mesmo, mostrei um pequeno sorriso. Mas depois voltei ao meu mundo exterior, essa paisagem me intrigava, uma viagem pelas montanhas, sem saber o que ia ver, subia e descia, e cada curva trazia algo de novo, até que finalmente o senhor conversou comigo: “boa tarde meu menino, então tu estas a seguir esta antiga ruta? Porque razão não foste na nova autoestrada? Porque razão não estás com os teus amigos?” É ai que digo: “não sei como lá chegar, preciso da ajuda deste comboio para ir ao meu destino, não vim com os meus amigos porque isto é algo que tenho que fazer sozinho, quero achar algum motivo para seguir.. Na minha vida tudo tem sido triste, tenho estado com muitas pessoas mas sinto-me sempre sozinho, não encontro nunca companhia, chego a pensar que apenas temos um verdadeiro amor, o primeiro, os outros apenas servem para tapar magoas”. O idoso olhou com uma cara de desagrado, e decidiu contar-me uma historia dele. «Era eu mais ou menos com a tua idade, sonhava, sorria todos os dias, tinha esperança. “meu menino, sabes tu o que é esperança?” eu disse que não.. E ele responde: “esperança meu filho é aquilo pelo que vives, todos os dias vais acordar e apenas vais ter forças para fazer seja o que for se tiveres esperança de algo.. Nunca digas que não tens esperança, senão nem sequer estavas aqui agora.” Continuando com a minha historia, eu era muito parecido a ti sabes, eu também fui à procura do que tu estás buscando, vim sozinho neste mesmo comboio. Eu pensei que tudo ia ficar bem quando chegasse lá, mas vi nesta paragem, que me recolheram ainda agora, uma linda rapariga que fez com que eu saísse e perdesse a minha mala. Mas no momento eu não me apercebi do que tinha acontecido, pois estava preocupado em não perder de vista aquela rapariga, que após 13 anos tornou-se minha mulher, casamos eramos muito felizes, era tudo perfeito, então eu pensei. Qual é o caminho para a felicidade? O destino ou a viagem? Sempre pensei que fosse o destino, mas estive errado, imagina que eu tivesse feito a viagem de olhos fechados? Nunca teria conhecido a minha mulher, não teria sido feliz, não teria vivido realmente. Assim eu te pergunto meu filho: porque vieste por aqui? De olhos fechados? Não te esqueças dos teus amigos, eles são o caminho para a felicidade. Estás a ver esta mala? Está velha sim, mas é a mesma mala que eu perdi no dia em que a conheci. (já com uma lagrima no olho) Todos os anos faço esta viagem a ver o que me reserva aquele lugar, mas é sempre o mesmo, uma antiga estação, esperando ser encontrada. Eu vou e fico, com a minha mala vazia, sentado no primeiro banco à esquerda, e penso: “o que vinha eu fazer aqui? O que queria? E muitas mais perguntas que a vida depois te vai dar”. Sabes a minha querida esposa morreu há sete anos e faço esta viagem há seis. Nunca mais senti o coração cheio de amor, agora apenas tem saudade, dor, e mistério. Agora tu podes ser feliz, mas não venhas procurar aqui as tuas respostas, não caias no mesmo erro que eu, sê feliz, vive a tua vida com os teus amigos, e numa dessas paragens vais encontrar a tua mulher, não vai ser no destino que a vais encontrar, mas sim no caminho, não te esqueças disto nunca. Eu vou pedir ao maquinista para parar já, tem uma vila aqui muito próxima, e toma, não é muito, mas vai servir para pagar o taxi até casa. E com o rosto envelhecido, mas com aquele sorriso diz: “Se queres ser feliz amanhã, tenta hoje mesmo”.  /Roberto Amorim

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Praia

Onde melhor para reflectir ? deixar os maus pensamentos ir com a corrente das marés. E preservar os bons tal como o ar que essas marés nos traz.. sentir a suave brisa a bater contra a gente. Ver que a vida tem lado bom e outro mau, e para chegar aos bons momentos temos que lutar e ser fortes nos maus, nunca deitar a toalha abaixo, ser firme, decidido. Os fracos e cobardes não chegam longe, acabam por "encalhar" nas rochas à espera de que estas os segurem. /Roberto Amorim